
REUNIÃO
Tarcísio diz não a Bolsonaro
Governador recusou fazer discurso de anistia após tarifaço; foco será defesa da economia de São Paulo

Tarcísio diz não a Bolsonaro | Foto: Reprodução | Montagem: O Segmento
Em reunião entre Bolsonaro (PL) e Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), na última semana, o governador de São Paulo negou fazer discurso de anistia aos bolsonaristas diante do tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O gestor estadual teria dito ao ex-presidente que vai focar na defesa da economia de seu Estado, o principal prejudicado.
Em carta ao presidente Lula (PT) pelas redes sociais, Trump justificou a sobretaxa de 50% aos produtos brasileiros por uma suposta falta de reciprocidade (suposta, pois a balança de importações/exportações é positiva aos EUA) e pelo que chamou de "caça às bruxas" a Bolsonaro no julgamento da trama golpista no Supremo Tribunal Federal (STF), querendo que a mesma cessasse. Tarcísio, alinhado ao ex-presidente e que chegou a defender posições do chefe do Executivo dos Estados Unidos, se tornou alvo, sendo acusado, inclusive, de traidor.
Na reunião, apurada pela Folha, Bolsonaro teria saído contrariado. O ex-presidente, que não entrou no mérito do tarifaço, tem defendido que os Poderes atendam às exigências de Trump para que ele saia ileso do julgamento, além de reverter a situação de inelegibilidade em condenação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Vale lembrar que, após o anúncio de Trump, o presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações (Apex), Jorge Viana, disse que São Paulo será o Estado mais prejudicado. Ele lembrou que mais de 70% das exportações brasileiras saem dos entes federativos da região Sudeste, sendo a unidade comandada por Tarcísio a principal delas.
"A efetivação dessas medidas ferem o interesse do Brasil. Eu espero que o governador de São Paulo, independente das posições ideológicas que tenha, reflita e veja que o estado mais afetado será São Paulo com desemprego, com empresas tendo dificuldade de seguir adiante. Em vez de fazer disso uma disputa, deveríamos estar unidos para encontrar melhor solução", declarou Viana.
E ainda: "Para vocês terem uma ideia, mais de 70% do que a gente exporta para os EUA sai do Sudeste. Então, se efetivar uma tarifa de 50%, a grande prejudicada é a região Sudeste." A expectativa de Viana é que ocorra um "entendimento" até 1º de agosto, quando começaria a sobretaxa. "Lula está totalmente aberto ao diálogo."
Reação de Tarcísio após o tarifaço
Tarcísio, por sua vez, procurou a representação diplomática dos EUA em Brasília e também telefonou para ministros do STF para reaver o passaporte de Bolsonaro. Colunista da Folha, Mônica Bergamo disse que os magistrados consideraram essa parte "esdrúxula".
Apesar da tentativa de parte da direita de emplacar uma culpa ao presidente Lula pelo tarifaço, setores, como o do agro - além da população -, não viram o petista como responsável, mas os bolsonaros - o deputado federal licenciado, Eduardo Bolsonaro (PL-SP), está há meses nos Estados Unidos tentando articular sanções para beneficiar o próprio pai.
Mas de volta a Tarcísio, no sábado (12), ele moderou ainda mais o discurso e disse que "a gente precisa estar de mãos dadas agora, deixar a questão política de lado e tentar resolver essa questão". Para ele, falar em anistia, agora, era uma "questão de opinião".
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