
POSIÇÃO
Caiado aproveita tarifaço de Trump para atacar Lula
Governador diz que o petista atacou o presidente dos EUA, "país que sempre foi nosso aliado"

Lula respondeu a Trump que “o Brasil é um País soberano com instituições independentes que não aceitará ser tutelado por ninguém” | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
O governador Ronaldo Caiado (União Brasil) publicou uma crítica à gestão petista, após o anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de um tarifaço de 50% sobre os produtos brasileiros. Segundo ele, "Lula, de caso pensado, declara uma guerra contra o Congresso Nacional, tenta deflagrar uma luta de classes entre ricos e pobres (depois de ter assaltado os aposentados) e sai em ataque ao presidente dos Estados Unidos, país que sempre foi nosso aliado".
Após a carta de Trump, que fala em falta de reciprocidade e cita uma suposta perseguição ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no julgamento da trama golpista no Supremo Tribunal Federal (STF), o governo Lula respondeu. Disse que “o Brasil é um País soberano com instituições independentes que não aceitará ser tutelado por ninguém” e que “o processo judicial contra aqueles que planejaram o golpe de estado é de competência apenas da Justiça Brasileira e, portanto, não está sujeito a nenhum tipo de ingerência ou ameaça que fira a independência das instituições nacionais”.
Mas ainda conforme Caiado, "com as medidas tomadas pelo governo americano, Lula e sua entourage tentam vender a tese da invasão da soberania do Brasil. Mas Lula não representa o sentimento patriótico do nosso povo, e muito menos tem credenciais para defender a soberania brasileira. Lula já se ajoelhou ao narcotráfico e quer de toda maneira se aliar aos países que são verdadeiras tiranias sustentadas pelo ódio, a corrupção e o terrorismo."
O governador, que é pré-candidato à presidência, não criticou o governo Trump.
"Preocupação" e "resposta firme"
Apesar de algumas lideranças bolsonaristas comemorem o tarifaço, outras alas demonstraram preocupação. Inclusive, setores da economia mais à direita, como a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) e a Frente Parlamentar do Empreendedorismo, demonstraram “preocupação”, defenderam “resposta firme” do Brasil e pediram “cautela” para o diálogo.
Em pronunciamento, a FPA disse: “A nova alíquota produz reflexos diretos e atinge o agronegócio nacional, com impactos no câmbio, no consequente aumento do custo de insumos importados e na competitividade das exportações brasileiras.” O texto diz, também, que a diplomacia brasileira dê "uma resposta firme e estratégica”, mas "sem isolar o Brasil perante as negociações”.
Ao Metrópoles, o presidente da FPE, deputado Joaquim Passarinho (PL-PA), disse ver a situação "com tristeza para a economia brasileira. Nós, como um grande parceiro americano dos Estados Unidos, acho que o presidente [Trump] exagera muitas vezes nesse tipo de colocação, até porque isso não faz mal só para a comida do Brasil, faz mal para a economia americana também”.
Já a Confederação Nacional da Indústria (CNI) disse que não existe fato econômico para justificar as taxas anunciadas.
Nota de Caiado:
"O presidente Lula não está fazendo nada fora do script. Pelo contrário, segue à risca o que Hugo Chávez fez na Venezuela, ao afrontar gratuitamente o governo americano.
Lá, ao sofrer represálias como as aplicadas agora ao governo brasileiro, Chávez ressuscitou Bolívar e conclamou o enfrentamento aos americanos em nome da soberania e veja o que aconteceu àquele país.
Aqui, o Lula, de caso pensado, declara uma guerra contra o Congresso Nacional, tenta deflagrar uma luta de classes entre ricos e pobres (depois de ter assaltado os aposentados) e sai em ataque ao presidente dos Estados Unidos, país que sempre foi nosso aliado.
Com as medidas tomadas pelo governo americano, Lula e sua entourage tentam vender a tese da invasão da soberania do Brasil. Mas Lula não representa o sentimento patriótico do nosso povo, e muito menos tem credenciais para defender a soberania brasileira. Lula já se ajoelhou ao narcotráfico e quer de toda maneira se aliar aos países que são verdadeiras tiranias sustentadas pelo ódio, a corrupção e o terrorismo.
O que nos cabe fazer diante da gravidade do momento seria a criação de uma Comissão de Parlamentares, da Câmara e do Senado, com a missão de abrir diálogo com o governo americano. E esclarecer ao povo dos Estados Unidos que não confundam declarações do Lula com o pensamento do povo brasileiro."
Nota do presidente Lula:
"Tendo em vista a manifestação pública do presidente norte-americano Donald Trump apresentada em uma rede social, na tarde desta quarta-feira (9), é importante ressaltar:
O Brasil é um país soberano com instituições independentes que não aceitará ser tutelado por ninguém.
O processo judicial contra aqueles que planejaram o golpe de estado é de competência apenas da Justiça Brasileira e, portanto, não está sujeito a nenhum tipo de ingerência ou ameaça que fira a independência das instituições nacionais.
No contexto das plataformas digitais, a sociedade brasileira rejeita conteúdos de ódio, racismo, pornografia infantil, golpes, fraudes, discursos contra os direitos humanos e a liberdade democrática.
No Brasil, liberdade de expressão não se confunde com agressão ou práticas violentas. Para operar em nosso país, todas as empresas nacionais e estrangeiras estão submetidas à legislação brasileira.
É falsa a informação, no caso da relação comercial entre Brasil e Estados Unidos, sobre o alegado déficit norte-americano. As estatísticas do próprio governo dos Estados Unidos comprovam um superávit desse país no comércio de bens e serviços com o Brasil da ordem de 410 bilhões de dólares ao longo dos últimos 15 anos.
Neste sentido, qualquer medida de elevação de tarifas de forma unilateral será respondida à luz da Lei brasileira de Reciprocidade Econômica.
A soberania, o respeito e a defesa intransigente dos interesses do povo brasileiro são os valores que orientam a nossa relação com o mundo."
Carta de Trump:
"Sua Excelência
Luiz Inácio Lula da Silva
Presidente da República Federativa do Brasil
Brasília
Brasil
Prezado Sr. Presidente,
Conheci e lidei com o ex-Presidente Jair Bolsonaro, e o respeitei profundamente, assim como fizeram a maioria dos outros líderes mundiais. A forma como o Brasil tem tratado o ex-Presidente Bolsonaro — um líder altamente respeitado em todo o mundo durante seu mandato, inclusive pelos Estados Unidos — é uma desgraça internacional. Este julgamento não deveria estar acontecendo. É uma caça às bruxas que deve terminar IMEDIATAMENTE!
Em parte devido aos ataques insidiosos do Brasil às eleições livres e aos direitos fundamentais de liberdade de expressão dos americanos (como ilustrado recentemente pelo Supremo Tribunal Federal brasileiro, que emitiu centenas de ordens de censura secretas e ilegais a plataformas de mídia social dos EUA, ameaçando-as com multas milionárias e expulsão do mercado brasileiro), começando em 1º de agosto de 2025, aplicaremos ao Brasil uma tarifa de 50% em qualquer produto brasileiro enviado aos Estados Unidos, separadamente de todas as tarifas setoriais. Produtos que tentarem burlar essa tarifa de 50% por meio de transbordo estarão sujeitos a tarifas ainda mais altas.
Além disso, tivemos anos de discussões sobre nossa relação comercial com o Brasil e concluímos que devemos nos afastar do antigo e muito injusto relacionamento comercial prejudicado por tarifas, políticas não tarifárias e barreiras comerciais brasileiras. Nossa relação foi, infelizmente, tudo menos recíproca.
Por favor, entenda que a tarifa de 50% é bem menor do que o necessário para equilibrar o campo de jogo que devemos ter com seu país. E é necessário corrigir as graves injustiças do regime atual. Como o senhor sabe, não haverá tarifa se o Brasil, ou empresas dentro do país, decidirem construir ou fabricar produtos nos Estados Unidos e, de fato, faremos todo o possível para aprovar isso de forma rápida, profissional e rotineira — em outras palavras, em questão de semanas."
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