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ESPECIAL / EUROTRIP

Ilhas gregas oferecem cubos brancos, Egeu transparente e detalhes coloridos

No sexto texto da série publicada desde junho, sobre viagem de um mês sobretudo por ilhas europeias, jornalista fala das cores das Cíclades

Thiago Momm
Goiânia | 17/07/2025

Então seu olhar está em modo multifocal nas ilhas gregas tentando capturar a infinidade de casas cúbicas brancas com esquadrias azul-elétricas, cubos emparedando vielas de cimento pintadas com figuras geométricas brancas variadas, cubos coloridos por buganvílias roxas, lilases e vermelho sangue, por folhagens verde-ensolaradas, por fileiras de vasos de plantas de todos os tons.  

No caminho surgem as pequenas igrejas ortodoxas de domo azul cobalto ou terracota, e aquelas esquadrias das casas, a depender da ilha, da cidade e da vila, são azul naval, azul céu profundo, ciano, creme, limão siciliano, vermelho coral. Mas tudo isso são alguns traços coloridos sobre o branco, nunca sobrecarregando a paleta cicládica.

O branco das casas era usado antigamente em contraste refrigerado ao calor absorvido pelas rochas escuras em que eram construídas. Depois, porque durante um surto de cólera o calcário contido na cal era um forte desinfetante. Já o azul, nas Cíclades, era a tinta mais barata disponível, mescla de calcário e um produto de limpeza, e por fim o azul e branco tornaram-se mandatórios por razões nacionalistas e mais tarde turísticas.

A disposição das vielas quase não tem padrão, são os labirintos da anárquica cartografia local, na qual em vez de aprisionado o Minotauro (esse em Creta, ao sul, fora das Cíclades) ficamos presos nós turistas na infinidade de lojas, cafés e restaurantes, assim como em ruazinhas residenciais próximas silenciadas de todo esse comércio.

Tudo isso ainda pode estar em uma encosta dramática sobre o mar Egeu, com vista para cadeias de montanhas que lembram os fiordes noruegueses, como em Fira e Oia, em Santorini, ou em uma vila de ares remotos e nativos como Lefkes, na ilha de Paros.

Nas praias o Egeu pode despontar transparente com rochas submersas e infusões de verde menta e azul turquesa próximo da orla, antes de se tornar anil ao fundo. Isso entre costões muitas vezes pontilhados pelo branco das casas.

O deus da justiça geográfica deu à Grécia (e a tantos países europeus), no entanto, o ponto negativo de muitas faixas de pedras diante do mar, às vezes uma mescla de areia e pedriscos, em um caso ou outro até pedrinhas escuras que lembram sementes de chia – mas não deu, até onde verifiquei e sei, nossa eventual areia clara, macia e morna.

Nada que vá comprometer sua experiência, em todo caso.

Ilhas são menos caras do que se pensa

As ilhas gregas, inclusive, são melhores e menos caras que muitos destinos mais buscados na Europa. Muita gente vê vídeos de praias festeiras de Mykonos e Santorini, com paradores que cobram 30 € (quase R$ 200) pelo uso de uma espreguiçadeira, e imagina a Grécia como um lugar aonde só se deve ir depois de conhecer muitos outros e de se juntar muito dinheiro.

Não é assim, e falo tendo explorado um tanto o país. Nesta viagem, passei uma semana e meia em Paros, Santorini e Atenas, além de ter parado com o cruzeiro em Mykonos e em Creta. Em duas vezes anteriores, tinha ido a Atenas, Salônica, Olímpia, Mykonos e Corfu.

Em Paros, ilha que gostei ainda mais que das outras, uma pousada de médio para alto padrão custou 49 € (em maio, antes do verão, mas já quente), ou R$ 320, bem menos que pousadas equivalentes em Pirenópolis ou Gramado. Santorini tem opções nessa faixa de preço com conforto parecido e localização só um pouco menos estratégica.

Há paradores de praia de preços ok que fornecem estrutura cobrando só o consumo. Almoça-se nas ilhas por 15 € (R$ 95) por pessoa, mas um souvlaki com bebida a 7 ou 8 € (cerca de R$ 50) também mata a fome. Pode-se percorrer Paros inteira com um quadriciclo que, embora não seja barato (30 € por dia, R$ 190), custa muito menos que em Jericoacoara. A Aegean, companhia aérea grega, tem voos entre as ilhas por um pouco mais que a diária do quadriciclo.
O euro pode estar alto, mas vale mais na Grécia que em muitos lugares da União Europeia.



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