INFARTO
Crítico de Maduro, ex-governador morre em prisão na Venezuela
Alfredo Díaz tinha 55 anos e foi detido no fim do ano passado após questionar a eleição presidencial
Alfredo Díaz tinha 55 anos | Foto: Reprodução
Alfredo Días, ex-governador que criticou a reeleição de Nicolás Maduro na Venezuela e foi preso por “terrorismo” e “incitação ao ódio”, morreu no sábado (6) na prisão. Ele tinha 55 anos.
Organizações de direitos humanos e o Ministério do Serviço Penitenciário confirmaram a morte. A causa seria um infarto.
Díaz governou Nova Esparta de 2017 a 2021. Ele foi preso em 2024 após contestar a reeleição de Maduro por falta de transparência em relação à divulgação dos resultados do pleito. Dias antes da prisão, ele também denunciou a crise elétrica em Nova Esparta.
Segundo a administração penitenciária, após manifestar "sintomas compatíveis com um infarto do miocárdio", o opositor de Maduro foi encaminhado para o Hospital Universitário de Caracas, mas não resistiu. Ele estava detido em El Helicoide, a sede do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (Sebin), local chamado de "centro de tortura" pela oposição venezuelana e ativistas de direitos humanos.
Advogado de Díaz, Gonzalo Himiob afirma que o ex-governador ainda esperava julgamento. “Fomos designados por sua família como representantes legais, mas o governo lhe impôs um defensor público”, disse. Já o governo afirmou que o político era processado “com plena garantia de seus direitos” e com “respeito dos direitos humanos”.
Alfredo Romero, diretor da ONG Foro Penal, afirma que 17 presos políticos morreram sob custódia do Estado venezuelano desde 2014. Seis deles foram detidos após os protestos pós-reeleição. “Quem assume a responsabilidade por isso e pelas outras mortes que ocorreram?”, questionou?
Em nota, María Corina Machado, opositora de Maduro e ganhadora do Prêmio Nobel da Paz, disse que a morte do ex-governador "se soma a uma alarmante e dolorosa cadeia de falecimentos de presos políticos detidos no contexto da repressão pós-eleições".
E ainda: "As circunstâncias dessas mortes – que incluem a negação de atendimento médico, condições desumanas, isolamento e torturas, tratamento cruel, desumano e degradante – revelam um padrão consistente de repressão estatal." A nota é assinada também por Edmundo González Urrutia, apontado pela oposição como vitorioso do pleito de 2024. Ele, hoje, vive no exílio.