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ARTIGO

A conciliação de Tancredo Neves: um remédio para a polarização do Brasil atual

Diante desse cenário turbulento, é crucial resgatarmos a história

Clodoaldo Moreira
Goiânia | 11/08/2025

Diante desse cenário turbulento, é crucial resgatarmos a história | Foto: Agência Brasil

Atualmente, a política brasileira tem sido marcada por uma série de crises e confrontos que testam os limites da nossa democracia. O cenário político se tornou um palco de brigas, acusações e tensões crescentes. Vemos badernas no Legislativo, embates sobre a anistia, debates inflamados sobre o impeachment de ministros, e até mesmo conflitos públicos entre políticos e membros do Supremo Tribunal Federal. O Brasil se depara com uma crise de diálogo e de confiança, em um momento em que a serenidade e a capacidade de conciliação deveriam prevalecer.

Diante desse cenário turbulento, é crucial resgatarmos a história e nos inspirarmos em figuras que foram essenciais para a construção da nossa democracia. É tempo de olhar para o passado para encontrar exemplos de liderança, diálogo e, sobretudo, respeito pelas instituições. Um desses personagens notáveis é Tancredo de Almeida Neves, cuja trajetória política se confunde com a própria história da redemocratização do Brasil. A sua figura, conciliadora e visionária, emerge como um lembrete de que a política pode, e deve, ser um instrumento para a união e a construção de um futuro melhor para a nação.

O Brasil tem vivido níveis altos de polarização política, o que se mostra extremamente perigoso para nossa democracia, conquistada depois de muita luta para a superação do regime militar. E existe um personagem que fez toda a diferença no processo de redemocratização do nosso país, semeando esperança no coração amargurado do brasileiro.   

Tancredo de Almeida Neves nasceu em 1910 em São João del-Rei, Minas Gerais. Um homem dócil e conciliador. Repetindo Napoleão Bonaparte, dizia que política é destino, mas só a política dá ao homem toda a sua plenitude no sentido da sua dignidade. Tancredo Neves foi um verdadeiro estadista, possuindo uma visão de Brasil como um todo, seja como advogado, jornalista, vereador, deputado estadual, deputado federal, ministro da justiça, primeiro ministro, senador, governador e, finalmente, presidente da república, eleito indiretamente pelo Congresso Nacional.  A escolha de Tancredo Neves soou como uma chama viva de esperança para a nação brasileira, que iria sair do regime militar para o regime democrático, no qual o poder emanaria do povo e para o povo.

No dia 14 de março de 1985, na véspera da posse como presidente, Tancredo sentiu fortes dores abdominais começando aí um verdadeiro calvário. Tancredo sabia que deveria resistir ao máximo possível, pois era o responsável pela transição e pela estabilidade do país depois de 21 anos de didatura. Relatou aos médicos o seguinte “façam de mim o que quiserem, depois da posse”.  

Temia Tancredo que os militares, ao descobrirem a sua doença, não dessem posse ao seu vice-presidente José Sarney. Essa excessiva preocupação vinha de uma frase que ouvira de Getúlio Vargas “No Brasil, não basta vencer a eleição é preciso ganhar a posse”. 

Porém, na véspera da posse, teve que ser internado as pressas no Hospital de Base de Brasília, Distrito Federal e, posteriormente, foi transferido para o Hospital das Clínicas de São Paulo. Nesse meio tempo Tancredo afirmou: “Eu não merecia isso”. 

Após 39 dias de luta, 7 (sete) cirurgias e diversas complicações, no dia 21 de abril de 1985 Tancredo Neves falece aos 75 anos, deixando um grande vazio no nosso país. 
Como ele costumava dizer “Não vamos nos dispersar. Continuemos reunidos, como nas praças públicas, com a mesma emoção, a mesma dignidade e a mesma decisão. Se todos quisermos, dizia-nos, há quase duzentos anos Tiradentes, aquele herói enlouquecido de esperança, podemos fazer desta país uma grande nação. Vamos fazê-la!”.

Sem dúvida, Tancredo foi o grande articulador da redemocratização e do fim da ditadura militar. Desde então, não houve nesse país político mais admirado. É preciso que o diálogo entre os partidos sejam retomados e que haja o restabelecimento da confiança do cidadão nos políticos e no combate a corrupção. Enquanto isso não acontecer, veremos nossa democracia morrer cada dia um pouco. 

 



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